Espanhol:
La Promoción de la Salud, el Feminismo y el Contraespacio: ¡mujeres campesinas y sus lucha para manternese vivas!
Inglês:
The promotion of health, feminism and counterspace: peasant woman and their struggle to stay alive!
Dissertação de mestrado elaborada junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) da Faculdade de Ciências e Tecnologias de Presidente Prudente (FCT) - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) para obtenção de título de Mestre em Geografia.
Orientador: Raul Borges Guimarães
Banca Avaliadora: Prof. Claudia Marques Roma (UFGD) e Prof. Dr. Carlos Alberto Feliciano (UNESP).
Supervisor de Estágio de Pesquisa no Exterior: Prof. Dr. Jorge Amancio Pickenhayn (UNSJ).
Financiador: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). FAPESP: 2017/07058-5.
Ilustrações: Maria Frizarin
Cite: SIMON, CAROLINA RUSSO. A Promoção da Saúde, Feminismo e Contraespaço: mulheres camponesas e suas lutas para se manterem vivas!. Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT/Unesp). 2020. Dissertação de Mestrado em Geografia.
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi compreender a saúde produzida, vivida e sonhada pelo campesinato através da interseccionalidade da luta sulamericana pela terra e pela água, dentro do contraespaço da Via Campesina. Para isso, a pesquisa partiu da compreensão de que o espaço atual é produzido pelo tensionamento do sistema patriarcal-capitalista-racista, e que este é triplamente perverso com as mulheres provenientes de países que contém a formação socioespacial em bases escravocratas. Sendo assim, a pesquisa partiu das análises comparadas das falas e memórias das pessoas que compunham o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado da Paraíba (Brasil) e na Unión de los trabajadores Rurales Sien Tierra (UST-MNCI) na província de Mendoza (Argentina). No Brasil foram ouvidos e transcritos 7 relatos de militantes do MST-PB, sendo 5 mulheres e 2 homens, já na Argentina participaram 8 pessoas, sendo 7 mulheres e 1 homem, militantes da UST. A partir da expressiva presença de mulheres, a pesquisa revelou a necessidade de evidenciar as práticas de promoção da saúde decoloniais femininas e feministas que são construídas nos dois movimentos, através das suas relações em redes. Portanto, os resultados da pesquisa, revelaram que o Feminismo Camponês e Popular é um dos elementos principais dos constraespaços do campesinato que promove a saúde.
Resumen: El objetivo de esta investigación fue comprender la salud producida, vivida y soñada por el campesinado a través de la interseccionalidad de la lucha sudamericana por la tierra y el agua, dentro del contraespacio de La Via Campesina. Para esto, la investigación comenzó desde el entendimiento de que el espacio actual es producido por la tensión del sistema patriarcalcapitalista-racista, y que es triplemente perverso hacia las mujeres de países que contienen fomación socioespacial sobre una base esclava. Por lo tanto, la investigación comenzó a partir de los análisis comparativos de los discursos y recuerdos de las personas que formaron el Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) en el estado de Paraíba, en Brasil y en la Unión de los Trabajadores Rurales Sien Tierra (UST-MNCI) en la provincia de Mendoza, en la Argentina. En Brasil, se escucharon y transcribieron 7 informes de activistas de MST-PB, 5 mujeres y 2 hombres, mientras que 8 personas participaron en Argentina, 7 mujeres y 1 hombre, activistas de UST. Desde la presencia expresiva de las mujeres, la investigación reveló la necesidad de destacar las prácticas de promoción de la salud femenina y feminista que se construyen en ambos movimientos, a través de sus relaciones en las redes. Por lo tanto, los resultados de la investigación revelaron que el feminismo campesino y popular es uno de los elementos principales del contraespacio campesino que promueve la salud.
Abstract: The aim of this research was to understand the health produced, lived and dreamed by the peasantry through the intersectionality of the South American struggle for land and water, within the Via Campesina counter space. For this, the research started from the understanding that the current space is produced by the tension of the patriarchal-capitalist-racist system, and that it is triple perverse with women from countries that contain socio-spatial training on a slave basis. Thus, the research started from the comparative analyzes of the speeches and memories of the people who made up the Movement of Landless Rural Workers (MST) in the state of Paraíba (Brazil) and in the Unión de los trabajadores Rurales Sien Tierra (UST-MNCI) in the province of Mendoza (Argentina). In Brazil, 7 reports by MST-PB activists were heard and transcribed, 5 women and 2 men, while 8 people participated in Argentina, 7 women and 1 man, UST activists. From the expressive presence of women, the research revealed the need to highlight female and feminist decolonial health promotion practices that are built in both movements, through their relationships in networks. Therefore, the results of the research revealed that Peasant and Popular Feminism is one of the main elements of the peasantry's contraspace that promotes health.
"As artes da dissertação foram feitas por Maria Frizarin, que assim como eu, é uma mulher comprometida em mudar as estruturas da formação socioespacial do patriarcado que estrutura a América Latina. A função dos desenhos que abrem cada capítulo é de explicar o oculto por meio do aparente (MOREIRA, 2015). As imagens possuem a capacidade de mostrar aos olhos do observador aquilo que ele habitualmente olha, mas não vê (GOMES, 2017, p. 27).
Sendo assim, as capas deste trabalho exigem a contemplação e o exame acurado do objeto da descrição. A partir da sensibilidade promovida pelas imagens, podemos identificar as maneiras, de pensar e de fazer aquilo que chamo de Geografia (GOMES, 2017).
Afinal, forma é conteúdo, como já dizia Milton Santos (1978), sendo assim, a forma deste trabalho foi pensada para ser também conteúdo, não só complemento da teoria, logo os desenhos que abrem cada capítulo, os organogramas, os mapas e as fotografias foram pensadas para “ser capaz de dar conta de explicar o visível pelo invisível, vice e versa, o invisível, entrelaçando o visto e o dito dialeticamente” (MOREIRA, 2015, p.20) e, assim, são componentes do conteúdo" (SIMON, 2020, p.40).
UM ESTUDO COMPARADO A PARTIR DA VIVÊNCIA MARADA POR SUBJETIVIDADES
"Este capítulo visa especificar os procedimentos metodológicos desta pesquisa a partir das vivências experimentadas nos trabalhos de campo e da perspectiva do realismo crítico.
Minha vida, ao longo dos meses do mestrado, foi andar pelo Brasil e pela Argentina. Este fato se evidenciou no momento de análise e escrita da presente dissertação. Afinal, existe uma diferença crucial entre o ir a campo e escrever sobre o campo. Sendo assim, disserto sobre algumas das diversas reflexões e contribuições sobre procedimentos de trabalho de campo e a importância dos atos de observar e descrever a realidade, de forma sensível, para a compreensão do fenômeno social, o qual se desenha como objeto de pesquisa." (SIMON, 2020, p.45)
LA VIA CAMPESINA- O CONTRAESPAÇO PRODUZIDO PELA PROMOÇÃO DA SAÚDE CAMPONESA
"Nas páginas que seguem disserto sobre a criação e espacialização atual da Via campesina (LVC); bem como, suas principais bandeiras de luta; garantia de território, reforma agrária, soberania alimentar, educação no campo e o feminismo. Tais bandeiras são analisadas neste trabalho através de suas materialidades como práticas de promoção da saúde camponesa.
[...]
Discuto sobre a importância da criação da Coordinadora Latinoamericana de Organizaciones del Campo (CLOC) e a sua espacialização atual. Enfoco na representatividade de movimentos na América do Sul, tanto em números como em representatividade, na conformação da CLOC e da LVC a partir da interseccionalidade, conceito de Kimberlé Crenshaw,(2002) pela representatividade de movimentos presentes nas realidades estudadas.
Adentro a discussão da violência patriarcal no campo, na perspectiva estrutural do sistema de opressão patriarcal, sendo incorporado pelo capitalismo racista, o qual perpassa a vida das mulheres camponesas. Apresento a alternativa camponesa, a resposta ao tripé de opressões que afetam as mulheres entrevistadas e que criam, no âmbito da CLOC, o Feminismo Camponês e Popular como um projeto político (TÁBOAS, 2017)." (SIMON, 2020, p.89).
O CONTRAESPAÇO ARGENTINO E BRASILEIRO: UST-MNCI E MST-PB
"[...] Logo na primeira parte deste capítulo faço uma breve análise da formação socioespacial de cada país, com ênfase na Paraíba (Brasil) e na província de Mendoza (Argentina). Esta análise da formação do estado e da província não tem a pretensão de ser o foco central do trabalho. O que pretendo é facilitar a avaliação do objetivo deste capítulo: compreender o movimento camponês, em cada país e em cada estado/província, como produtores de contraespaços que promovem saúde através de práticas que valorizam a vida camponesa.
Na segunda parte do capítulo disserto sobre os movimentos nacionais, de forma breve, para subsidiar o entendimento do contraespaço em produção no estado da Paraíba- Brasil, fomentado pela luta do MST-PB; assim como na província de Mendoza- Argentina pela UST-MNCI. Procurarei demonstrar que tais processos são a materialização da promoção da saúde em duas particularidades históricas. Afinal, o MST chega no estado da Paraíba em 1988, e a UST é fundada em 2001. Estes marcos cronológicos são extremamente importantes a nível de comparação, pois há uma diferença de 13 anos, o que impacta diretamente na organização destes movimentos" (SIMON, 2020, p.136).
PRÁTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE CAMPONESAS:
A ESCOLA, AS SEMENTES CRIOULAS E O ACESSO À ÁGUA
"Este capítulo visa refletir a respeito das bandeiras da Via Campesina: a reforma agrária ampla e popular, a educação popular no campo, o feminismo, a agroecologia e a soberania alimentar55 como promoção da saúde camponesa, a partir da materialidade das práticas encontradas em campo. Partindo da construção destas práticas pelas análises comparadas das entrevistas nos dois movimentos, MST (Brasil) e UST (Argentina), foram identificadas três práticas cotidianas semelhantes nos dois países, sendo estas: estocagem de água a partir das tecnologias sociais hídricas, principalmente pelas cisternas de placa, estocagem de sementes crioulas, pelos bancos e casas de sementes e a educação camponesa pelas escolas dos movimentos.
Foi possível comprovar, através dos trabalhos de campo, de observação e de busca de relatos orais, que as práticas de promoção da saúde das mulheres camponesas do semiárido brasileiro chegam à UST pela troca de saberes sobre a convivência com o semiárido, a partir da estocagem de água e sementes, bem como pelo saber construído pela pedagogia Sem Terra. Estas semelhanças de práticas se dão pela coligação dos movimentos à rede mundial, Via Campesina" (SIMON, 2020, p.172).
10h de entrevistas, gravadas e transcritas em 163 páginas.
"No Brasil foram ouvidos e transcritos 7 relatos de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sendo 5 mulheres e 2 homens. Na Argentina participaram 8 pessoas, sendo 7 mulheres e 1 homem, militantes da Unión de los trabajadores Rurales Sien Tierra (UST-MNCI)" (SIMON, 2020).
Defesa pública da dissertação de mestrado, realizada de forma híbrida no dia 23 de março de 2020. Disponível no Youtube.
Publicações relacionadas:
SIMON, Carolina Russo; BORSOI, Bruna Fernandes Guimarães. Geografia para todas as saúdes: feminismo como promoção da saúde. Metodologias e Aprendizado, v. 5, p. 49-66, 2022.
SIMON, Carolina Russo. O protagonismo das mulheres na Unión de Trabajadores Rurales Sin Tierra (UST/MNCI) e a emergência de uma nova concepção de feminismo na Via Campesina. Revista NERA, v. 23, n. 53, p. 193-2015, mai.-ago., 2020.
SIMON, Carolina Russo; GUIMARÃES, Raul Borges . Feminismo Camponês e Popular como promoção revolucionária da saúde: experiências da Via Campesina através das mulheres do Brasil (MST) e da Argentina (UST). In: Eduardo Augusto Werneck Ribeiro; Carolina Beceyro; Flavia de Oliveira Santos. (Org.). Abordagens Geográficas da Vigilância, Prevenção e Promoção da Saúde. 1ed.Blumenau: Editora IFC, v. 1, p. 01-266, 2019.
SIMON, Carolina Russo; MARTINS, Lucas Araújo.; REGALA, Raisa Maria de Sousa. "Sementes Da Paixão" como prática espacializada de Promoção da Saúde. In: XIX Encontro Nacional de Geografxs XIX ENG, 2018. João Pessoa, PB. Anais (on-line). ISBN: 97-85-99907-08-5. 2018.
SIMON, Carolina Russo; ARAÚJO SEGUNDO NETO, F. V. Políticas públicas de acesso aos recursos hídricos e Promoção da Saúde: Programa Água Para Todos versus Programa Um Milhão De Cisternas (P1MC) no semiárido do estado da Paraíba. VIII Simpósio Internacional de Geografia Agrária. Curitiba-PR, Brasil. Anais...: Curitiba, 2017.
